
eudoro e o logos heráclito
um filme de reginaldo gontijo e luiz suffiati
O filme
O nome Eudoro diz em grego: “A bela dádiva”.
Eudoro de Sousa nasceu no ano de 1911, em Lisboa. Realizou estudos em Portugal, França e Alemanha, tornando-se o maior helenista em língua portuguesa. Ele chegou a Brasília em 1962, onde passou a lecionar, e fundou o Centro de Estudos Clássicos, pedra filosófica fundamental da nascente Universidade de Brasília. Sua produção inclui as exímias traduções e comentários à Poética, de Aristóteles, às Bacantes, de Eurípedes, e aos Fragmentos de diversos pré-socráticos. Os ensaios reunidos nos livros Dioniso em Creta, Sempre o mesmo acerca do mesmo, Horizonte e Complementaridade, Mitologia 1 e Mitologia 2 tratam das relações entre mito, filosofia e história na Grécia antiga, numa linguagem que reúne ao mesmo tempo poesia, intuição e reflexão filosófica nos limites do dizível, nas fronteiras do diabólico e do simbólico. Eudoro resgata a mitologia não como um catálogo de deuses, mas como espaço para a exegese do conhecimento humano e sua transcendência. Em Horizonte e Complementaridade, de 1975, Eudoro convoca nosso olhar para a linha do horizonte, este lugar sempre à vista de nossos olhos, nunca ao alcance de nossos passos, e faz da noção de Complementaridade a ideia chave para o entendimento de mito e filosofia no início da história e no limiar da formação da consciência. Neste ensaio, Eudoro reserva um lugar especial a Heráclito, considerado o Obscuro desde a antiguidade, nele destacando as descobertas da coincidência dos contrários, a lei que governa o cosmos - o Logos -, o fogo como cifra do movimento, e a imagem de um filósofo que transpôs para a vida a frase inscrita no templo de Apolo: “O Soberano de Delfos não diz nem cala: dá sinais”, intuição brilhante diante da impossibilidade de falar e da necessidade de não calar. A conversa com Eudoro, capturada pela câmara, começa com a filosofia de Heráclito (Séc. V a.C), onde é questionada a ideia de movimento atribuída ao filósofo de Éfeso, passa pela construção da energia nuclear, a atualização do mito de prometeu, aquele que roubou o fogo dos deuses, e indaga sobre o fim da filosofia, como preconizara o filósofo Martin Heidegger. Eudoro de Sousa faleceu em 1987, mas nos deixou mais essa dádiva, registro raro de um pensador que nos acena para a transposição do horizonte. Quem quiser aproximar-se um pouco mais da originalidade desse pensamento itinerante... play... e o fogo se acende outra vez em Eudoro.

Nasceu em Lisboa em 1911 e veio para Brasília em 1962

Sua obra trata da relação de Mito e História na Grécia antiga

Diabólico a Simbólico - Play e o fogo se acende outra vez em Eudoro.

Nasceu em Lisboa em 1911 e veio para Brasília em 1962

trailer do filme

Eudoro de Sousa

Heráclito frag 1.
Este logos, como o enuncio sempre o não entendem os homens, quer antes de o haverem escutado, quer após o terem ouvido. Pois, ainda que tudo suceda em conformidade com este Logos, inexpertos parecem...

Heráclito frag 30.
Este Kósmos [que é o mesmo para todos] nem deus, nem homem algum o fez; sempre foi, é e será um fogo continuamente vivo, que se alumia por medida e por medida se apaga.

Heráclito frag 31.
“viragens” do fogo: primeiro o mar; e do mar, metade terra e metade turbilhão ígneo. – (A terra) derrama-se, qual mar, à medida tal, qual era ade antes que este se tornasse em terra.
Apoio e produção



